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segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Técnica preserva cabelo do paciente durante quimioterapia


Diagnosticada com câncer de mama, Kátia Kraychete, 56 anos, fez seis sessões de quimio com a crioterapia e não teve queda de cabelo - Foto: Margarida Neide | Ag. A TARDE
Diagnosticada com câncer de mama, Kátia Kraychete, 56 anos, fez seis sessões de quimio com a crioterapia e não teve queda de cabelo
Ter o cabelo mantido durante a quimioterapia é o anseio da maioria das mulheres acometidas pelo câncer. Em alguns tipos da doença, a utilização da crioterapia tem evitado a queda brusca dos fios e o impacto negativo na autoestima das pacientes.    
A técnica consiste no uso de uma touca hipotérmica feita de gel de silicone acoplada em uma máquina que resfria o couro cabeludo. 
“Desta forma se reduz o aporte sanguíneo na região, realizando uma vasoconstrição. A substância da quimioterapia não chega e as células não são afetadas. Isso ajuda a amenizar e até evitar a queda do cabelo”, explica a oncologista e diretora do Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB), Clarissa Mathias.
Pioneiro no estado, o NOB é a única unidade de saúde com o equipamento desde janeiro deste ano e já aplicou a técnica em 48 mulheres. Em mais nove estados brasileiros, clínicas do grupo Oncoclínicas também oferecem o serviço.
A administradora Kátia Santana Kraychete, 56 anos,  foi diagnosticada com câncer de mama em dezembro do ano passado. “A primeira coisa que pensei é que ia morrer. Depois disso, o que mais me afligia era ficar careca. Já fui logo procurando uma peruca”, contou.  
Foram seis sessões de quimioterapia com a técnica e ela diz que não ter sofrido alopecia (queda de cabelo) foi essencial para o sucesso no seu processo de cura, ainda em curso com o uso de medicação para fortalecer o sistema imunológico que deve durar mais um ano. 
Vantagem
A paciente ficava com o equipamento durante o período em que a medicação era ministrada, até 45 minutos depois de cada sessão. A temperatura pode chegar a menos 4º graus e sensação térmica pode alcançar 16º graus.
“Fiquei com receio, mas o resultado foi bom. As pessoas não acreditavam quando eu falava que estava me tratando de um câncer. Não é fácil, mas foi bem melhor me enxergar com cabelo”, contou. A cirurgia ocorreu em janeiro e foi necessária a retirada de um quadrante da mama. A quimioterapia durou de fevereiro a junho deste ano, e foi seguido de radioterapia. 
A única coisa que denunciava a administradora era a máscara que usava no rosto para evitar outros males por conta da baixa imunidade.
“Não necessitar de peruca ou lenço é um grande ganho, pois existe um estigma relacionado ao câncer. Todo mundo olha a mulher e já sabe que está com a doença. Além de influenciar na autoestima de uma pessoa que já tem que lidar com o diagnóstico e cirurgia, isso ajuda na condução do tratamento de forma mais tranquila”, disse a também oncologista do NOB, Renata Costa.
Material
A touca é revestida por gel de silicone. E, por cima dela, é colocada outra cobertura feita de neoprene – tipo de borracha sintética utilizada em roupas de mergulho.
“Ao longo da sessão ela vai sendo ajustada e, às vezes, apertada”, contou Kátia, que não sentiu incômodo ao usar o equipamento. “Acho que o desejo de não perder o cabelo era tão forte que nem liguei para a temperatura ou se estava apertando minha cabeça”, afirmou.
No entanto, a oncologista do NOB afirmou que é comum o aparecimento de alguns sintomas. “O paciente pode se queixar de dor de cabeça, tontura e sensação de frio. Sintomas que são rapidamente superados pelos resultados alcançados”, explica Clarissa Mathias.
A rotina de cuidados com a saúde também facilitou e possibilitou o tratamento ainda na fase inicial. “Faço exames a cada seis meses e, nesse processo, foi encontrado um nódulo com seis milímetros. Após a punção, foi  identificado como um tumor maligno”, contou. 
Tratamento é contraindicado em alguns tipos de câncer
No entanto, apesar dos resultados satisfatórios, a crioterapia não tem eficácia em todo tipo de câncer. O tratamento é contraindicado para quem tem câncer hematológico, como linfomas e leucemia ou melanoma no couro cabeludo.
 “O uso foi mais utilizado em tumores na mama, endométrio e ovário que são os que mais afetam as mulheres, mas pode ser utilizado por homens também. E também não funciona em todos os esquemas de quimioterapia”, explicou a oncologista Renata Costa.
O câncer de mama é a segunda maior causa de morte das mulheres no Brasil. A previsão do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é de 60 mil novos casos este ano.
O equipamento tem origem inglesa e já foi utilizado por mais de 2 mil pacientes em vários países da Europa, submetidos a diferentes tratamentos quimioterápicos. A taxa de sucesso variou de 49% a 100% dos casos publicados.
Grupo
O grupo Oncoclínicas, ao qual o NOB está vinculado, reúne 35 unidades no país. A unidade, em Salvador, foi fundada em 1992 e conta  profissionais de diversas áreas como oncologistas, hematologistas, reumatologistas, algologistas (tratamento da dor), nutricionistas e psicólogos.
Além da Bahia, a Oncoclínicas está presente em oito estados e foi criado em 2010. A instituição é parceira do centro de pesquisa Dana-Farber Cancer Institute, afiliado a Harvard Medical School, em Boston, EUA, e mantém o instituto homônimo que atua em pesquisa científica e ações de promoção à saúde. 
A Tarde

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